OS TRÊS MOMENTOS DO CORRETO FAZER – Uma Reflexão Católica

Queremos ser amados. E para sermos amados, faremos, no núcleo onde se encontra nosso coração, tudo aquilo que possa gerar no outro simpatia por nós.

Se nosso foco estiver numa relação amorosa, tentaremos demonstrar que somos pessoas diferenciadas. Mostraremos o melhor de nós, seremos amáveis e até fingiremos e contaremos algumas inofensivas mentiras. Porque queremos que o outro VEJA que valemos à pena.

Se nosso foco estiver no campo profissional, tentaremos ser bem-sucedidos em grandes desafios. Demonstraremos empenho e esforço, competiremos com alguns colegas e até negligenciaremos a vida pessoal em prol da profissional. Porque queremos que nossos gestores e colegas de trabalho VEJAM que somos trabalhadores de excelência.

Se nosso foco estiver na experiência religiosa, daremos esmola, nos mostraremos como pessoas de oração e jejuaremos com disciplina. Demonstraremos que somos pessoas boas, dignas de sermos parte da Igreja, e às vezes até seremos criticados por querer aparecer. Porque queremos que o pároco, os ministros e os fiéis VEJAM que somos cristãos exemplares.

Jesus, observando nossa agitação e nossos esforços, compreende que estamos em processo, mas nos mostra que precisamos dar mergulhos mais profundos.

Num primeiro momento de nossa caminhada, medimos a nós mesmos a partir do olhar do outro. Na busca de seu amor e de sua aceitação, manejamos nossos gestos no compasso de suas expectativas, e embora tenham sido momentos cheios de autoilusões, essa experiência teve o seu valor. Afinal, fazendo coisas positivas, pudemos ver que é bom valer à pena, é bom empenhar esforços para fazer bem-feito e é bom lançar foco numa vida exemplar.

Mas precisamos avançar para um segundo momento, em que nos mediremos a partir de nós mesmos. Nossa alegria interior não estará condicionada aos nossos bons atos VISTOS pelos outros, mas pelo nosso próprio contentamento de um fazer bem-feito, movido pelo simples prazer com o bem. Já não importará aqui se alguém nos enxerga ou não, mas que NÓS tenhamos consciência e contentamento com o fazer correto que estivermos empreendendo.

Mas haverá um terceiro momento em que nos mediremos a partir de Deus. Nesse estágio, não importará se o outro viu ou gostou, ou mesmo se o que fizemos de bom foi motivado por nossas escolhas. Porque não serão mais nossas as escolhas. As perguntas, nesse estágio, serão: cumprimos o desejo de Deus? O Senhor está satisfeito com o tipo de esmola, oração e jejum que fizemos hoje? Pode até ser que nossa ação nem tenha sido a de nossa preferência, mas terá sido a que nos coube fazer ao identificar o desejo de Deus.

Quando chegarmos a esse momento, não haverá mais o outro e nem nós. Será tudo muito simples: tudo se resumirá à esmola que precisa ser feita, à oração como deve ser feita, e ao jejum como precisa ser feito. Como diz o apóstolo Pedro, tudo “de acordo com a vontade de Deus” (1 Pedro 4,2).

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